Curiosidades
Explore o fascinante mundo das curiosidades relacionadas à tecelagem e à lã, desde as antigas deusas da tecelagem, como Neith, Ísis, Atena e Zhi Nu, até as lendas europeias das fiandeiras como Arianrhod e Hulda. Descubra como palavras como "texto" têm raízes relacionadas à tecelagem e como expressões como "conversa fiada" e "horas a fio" têm origens ligadas ao trabalho manual com fios. Explore mitos como a história da Bela Adormecida e a tradição de contar carneirinhos para dormir. Saiba também sobre a origem dos churros e curiosidades como a legislação na Inglaterra que exigia que todos fossem enterrados envoltos em lã e a conexão entre os teares e os primeiros computadores.
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- Texto Têxtil A palavra texto vem do latim Textum, que é compartilhada por tecido, textura, têxtil e tecer. Várias palavras usadas para designar o texto e a escrita se relacionam às atividades de fiação e tecelagem. Escrevo uma linha. Termino com um ponto. Desenrolo a trama. Estruturo o enredo. Amarro as ideias. Horas a fio. Percebo o viés. Remendo as frases. Entrelaço os parágrafos. E contando um conto, aumento um ponto. Me dedico ao pano de fundo. Mas tem muito pano pra manga. Muita conversa fiada. Entre novelos e novelas. Não posso perder o fio da meada. Por Juliana Müller Bastos
- As Deusas da Tecelagem A Tecelã é uma imagem arquetípica, frequentemente representada na arte e na literatura, especialmente nos contos de fadas e mitos, através de figuras femininas – deusas, fadas, mulheres. No Egito adorava-se Neith, deusa tecelã e símbolo do eterno feminino e da natureza. Ísis é uma rainha mítica e deusa funerária do antigo Egito, que ensinou, entre outras coisas, como fazer pão e tecer linho. Atena era a deusa grega protetora dos trabalhos femininos. Ela puniu Aracne por tê-la desafiado na arte da tecelagem. Na mitologia grega, Ariadne foi uma “deusa fiandeira”. É a princesa de Creta, filha do rei Minos e da rainha Pasífae. Ela se apaixona por Teseu e o ajuda a sair do labirinto do Minotauro seguindo um novelo de lã vermelho, o “fio de Ariadne”.
- A mitologia nórdica é rica em histórias e arquétipos de deusas (Berchta, Holda, Frigga, as Disir e as Akkas), envolvendo o ato de fiar e o tecer, enquanto o destino era decretado pelas Nornes, que teciam a teia do destino. As Senhoras do Destino de várias tradições – conhecidas como as Parcas gregas, as Moiras romanas, as Nornes nórdicas ou as Rodjenice eslavas – tinham como símbolo mágico o fuso, a roda de fiar, os fios e a tessitura, e representavam o passado, o presente e o futuro. Na mitologia germânica, as Valquírias, em número de doze, são as Fiandeiras do Destino. Hulda, a Deusa da tecelagem, foi considerada pela mitologia teutônica a primeira a ensinar aos humanos como cultivar, girar e tecer o linho. Na China Antiga, Zhi Nu era a deusa da tecelagem, filha de Shangti. Todos os dias, ela tecia belas vestes para os deuses. Na tradição hindu, a deusa tecelã recebe o nome de Maya. Entre as deusas celtas, as fiandeiras são Arianrhod, Badb, Bean Sidhe, Morrigan e Scatach. Existem também as lendas das deusas Holda, Perchta, Holle, Latvia, Habetrot, que puniam as preguiçosas com seus fusos.
- As ovelhas no Cristianismo No Cristianismo, a ovelha é um símbolo usado para designar os seguidores de Deus, as almas salvas por Cristo. A palavra “ovelha” (e a variação “ovelhas”) aparece na Bíblia mais de 240 vezes, a palavra “carneiro” (e a variação “carneiros”) aparece mais de 130 vezes, a palavra “cordeiro” (e a variação “cordeiros”), mais de 190 vezes. E a palavra “pastor” (e as variações “pastores” e “pastoreio”) aparece mais de 120 vezes. Uma curiosidade: 85% das palavras ovelha, cordeiro e pastor estão no Antigo Testamento. Já a palavra carneiro aparece exclusivamente no Antigo Testamento.
- “Perder o fio da meada” Meada: um único fio de lã, seda, algodão, etc. enrolada inúmeras vezes e amarrada de maneira a não se emaranhar. É a melhor forma de amarrar o fio quando ele será tingido. Quando se está tecendo usando uma meada, pode acontecer de se distrair, perder o fio da meada e tudo se transformar em um grande nó. Quando uma pessoa está falando e “perde o fio da meada”, isso significa que ela se desconcentrou ou esqueceu o que estava dizendo.
- “Conversa fiada” e “Horas a fio” Não existe um consenso para a expressão “conversa fiada”. Para alguns significa papo furado, conversa em que não se pode confiar. Um paradoxo, já que o verbo fiar pode ser relacionado ao latim fidare: abonar, afiançar, acreditar, confiar. Por outro lado, o verbo fiar também pode se relacionar ao latim filare, que significa fazer tecido ou trama, tecer, urdir. “Horas a fio” normalmente é utilizada no sentido de seguidamente, sem interrupção, sem descanso. Para nós das Mãostiqueiras, “conversa fiada” e “horas a fio” também se referem às horas e horas que as mulheres de nossas famílias passavam conversando e fiando a fim de produzir todo o fio necessário para tecer tudo o que era usado para vestir e cobrir as numerosas famílias do passado.
- A verdadeira história da Bela Adormecida A história da Bela Adormecida que conhecemos relata que Aurora espeta o dedo na ponta do fuso da roca e dorme por 100 anos. O fuso da roca é um utensílio cilíndrico, utilizado para a torção de fibras e armazenamento do fio. O fato é que nenhum fuso tem uma agulha ou é afiado o suficiente para furar um dedo. Fruto da tradição oral europeia, a história da Bela Adormecida foi sendo transmitida de geração em geração, através dos séculos, em vários lugares do mundo. Uma das versões mais antigas é a do italiano Giambattista Basile, no século 17. A narrativa intitulada “Sol, Lua e Tália” é muito mais sombria e arrepiante do que aquela que se popularizou. Nela, a princesa se chama Tália e espeta o dedo em uma farpa de linho, caindo em um sono profundo. Ela não é despertada com um beijo do príncipe, mas abusada por ele. A princesa engravida de um casal de gêmeos, dando à luz enquanto dorme. Quando os bebês nascem, procuram o seio da mãe para se alimentar, mas acabam sugando seu dedo e extraindo dele a farpa, o que faz com que ela finalmente desperte.
- A origem dos churros Alguns dizem que os churros foram invenção de pastores espanhóis nômades que, vivendo no alto das montanhas, sem acesso a padarias, supostamente os criaram por serem mais fáceis de cozinhar em frigideiras no fogo. A credibilidade dessa versão da história está no fato de existir uma raça de ovelhas chamada “Navajo-Churro”, que descende das ovelhas “Churra”, presentes na Península Ibérica. Os chifres dessas ovelhas tem formato semelhante ao da massa frita e podem ter sido a inspiração para o nome do doce.
- O preconceito com a ovelha negra Chamar um indivíduo de ovelha negra costuma estar associado a dizer que é estranho ou de má reputação em um grupo. Mesmo em rebanhos inteiramente brancos, pode acontecer de um cordeiro preto ocasional nascer. Essas ovelhas negras eram consideradas indesejáveis pelos pastores, pois a lã preta não era tão valorizada comercialmente quanto a lã branca, que é mais fácil de ser tingida.
- Inglaterra já forçou todos a serem enterrados envoltos em lã Como forma de estimular o comércio nacional de lã e diminuir as importações de linho francês, a partir de 25 de março de 1667, todos os habitantes do país passaram a ser enterrados embrulhados em mortalhas de lã, sob pena de multa. Era uma época de muitas mortes por peste bubônica, e até então as mortalhas eram feitas em linho importado da França, um péssimo negócio para os ingleses. A legislação vigorou até 1814, mas já era ignorada pelos ingleses desde 1770.
- Imagem do decreto Inglês com indicações para os enterros com mortalhas de lã.
- Contar Carneirinhos O ato de contar carneirinhos sempre foi associado a uma forma de pegar no sono. Desde o século 12, contos descrevem essa forma de driblar a insônia. Porém, pesquisadores da Universidade de Oxford desenvolveram um estudo sobre o sono e constataram que pessoas que costumam contar carneirinhos demoravam a adormecer. Os pesquisadores afirmam que uma cena relaxante, mais envolvente e interessante, ocupa mais espaço no cérebro do que os carneirinhos e facilita o processo de pegar no sono.
- Fascistas contra as ovelhas Meglio vivere un giorno da leone che cento anni da pecora (Melhor viver um dia de leão do que cem anos de ovelha) Esta frase foi um dos slogans do “Duce”, o ditador italiano Benito Mussolini, considerado uma das figuras-chaves na criação do fascismo. Mussolini a empregou em um discurso feito no dia 20 de junho de 1928 sobre o falecido marechal Díaz, “herói” da Primeira Guerra Mundial. Depois, ordenou que esse dístico fascista fosse colocado nas moedas de 20 e 100 liras.
- Teares inspiram os primeiros computadores Em 1887, o engenheiro americano Herman Hollerith patenteou o primeiro processador de dados, que utilizava cartões perfurados, inspirado no tear de Jacquard. O tear de Jacquard revolucionou a indústria têxtil, mecanizando o complicado trabalho manual do tecelão com a utilização dos mesmos cartões perfurados, a partir de um sistema binário. Elaborado para calcular as estatísticas dos censos dos EUA, o dispositivo de Hollerith se tornaria o precursor dos computadores atuais, ao utilizar cartões perfurados para ajudar a analisar os dados do censo de 1890. Seu grande avanço foi empregar eletricidade para leitura, contagem e classificação dessas fichas, cujos orifícios representavam as informações colhidas pelos recenseadores. Em 1896, ele criou a empresa Tabulating Machine Company, incorporada pela IBM em 1924.
- Imagem com cartelas perfuradas do tear Jacquard do início do século 19. Imagem com cartão perfurado da máquina de Herman Hollerith. Imagem do registro de dados do censo americano de 1890 no processador de dados de Herman Hollerith. Imagem de um cartão perfurado IBM de 12 linhas e 80 colunas de meados do século 20.






































