Linha do Tempo

Embarque em uma jornada através da linha do tempo que destaca a criação de ovinos, o beneficiamento da lã e seu impacto na história da humanidade. Desde os primórdios da domesticação dos ovinos até os avanços modernos como a clonagem da ovelha Dolly, explore como esses animais e seu precioso recurso natural têm desempenhado um papel fundamental na vida e no desenvolvimento das sociedades humanas ao longo dos séculos.

  • 8000 a.C.Domesticação dos Ovinos

    Os ovinos foram um dos primeiros animais a serem domesticados pelos seres humanos para o uso de sua carne, leite e couro. Segundo análises de DNA, as ovelhas domésticas descendem do muflão-asiático (Ovis orientalis), um carneiro selvagem que foi domesticado na Ásia 8000 anos a.C.
  • 6000 a.C.Ovelhas na Europa, seleção de ovelhas lanadas e uso do feltro

    Evidências arqueológicas encontradas no Irã sugerem que a seleção de ovelhas lanadas pode ter começado por volta de 6000 a.C. Mesmo período em que a criação de ovelhas se espalhou pela Europa, e da datação dos primeiros vestígios de peças de feltro de lã encontrados na Turquia.
  • 4000 a.C. Fios de lã na Mesopotâmia e uso de fusos para fiar

    Em 4000 a.C., as pessoas já usavam roupas de lã trançada em teares na Mesopotâmia. Nesta época, os fios eram desenvolvidos em fusos.
  • 600 a.C. Uso dos Yurts

    A comunidade mongol buriate, da Sibéria, reivindica o início do uso de yurts (ger), cuja representação mais antiga conhecida vem de uma tigela de bronze desenterrada nas montanhas Zagros, no Irã, e datada em cerca de 600 a.C. Também o historiador grego Heródoto escreveu sobre os yurts usados pelos citas, povos iranianos nômades, que viviam na Cítia por volta de 440 a.C.
  • 500 d.C. a 1200 d.C.Invenção da roca de fiar

    Desde 4000 a.C., as pessoas fiavam as fibras à mão, usando um fuso. A invenção da roda de fiar a partir de 500 d.C. (com pedal ou manivela) mecanizou o giro do fuso e agilizou o processo de fiação. “The Spinning Wheel”, pintada em seda pelo artista chinês Wang Juzheng, da Dinastia Song (960-1279). Pintura de Al Hariri Maqamat, datada de 1237, Bagdá. “O Saltério de Luttrell”, datado de 1320-1340, Inglaterra.
  • 1401 a 1500 Lã financia expedições ao Novo Mundo

    A Rainha Isabella da Espanha usou dinheiro da indústria de lã para financiar as expedições de Cristóvão Colombo e outros exploradores ao longo do século 15. Em 1493, em sua segunda viagem ao Novo Mundo, Colombo levou ovelhas como um "suprimento de comida viva". Algumas sobreviveram à viagem e foram deixadas em Cuba e Santo Domingo.
  • 1519Ovinos na América

    Em 1519, Hernán Cortez liderou cerca de 500 espanhóis durante a conquista dos astecas, partindo de Cuba para a região em que hoje está localizado o México, e conduzindo ovelhas que eram descendentes daquelas introduzidas por Colombo. Acredita-se que essas ovelhas sejam descendentes de uma raça espanhola chamada Churra.
  • 1500Primeiro registro têxtil no Brasil

    Os indígenas já teciam antes da chegada dos portugueses. O primeiro documento que comprova a manufatura de tecidos no Brasil é a carta de Pero Vaz de Caminha, na qual faz descrições das pessoas - “uma mulher moça com um menino ou menina ao colo, atado com um pano (não sei de quê) aos peitos”, e dos lugares - “as casas tinham dentro muitos esteios e de esteio a esteio uma rede, atada pelos cabos em cada esteio”, que encontra ao chegar.
  • 1501 a 1700 Inglaterra proíbe a exportação de ovelhas para a América

    Durante os séculos 16 e 17, a Inglaterra proibiu a exportação de ovelhas para a América para manter a dependência da colônia. Isso não impediu os colonos americanos de contrabandear ovelhas para os Estados Unidos e iniciar sua própria indústria de lã. Em 1664, havia 10 mil ovelhas na colônia americana e o Tribunal Geral de Massachusetts aprovou uma lei que exigia que todos os jovens aprendessem o ofício de fiação e tecelagem. Em 1699, o Rei William III declarou a Lei da Lã (Wool Act), que permitia a venda de lã e peças em lã apenas para a Inglaterra. Os impostos eram altíssimos.
  • 1556Ovinos no Brasil

    O primeiro registro de ovinos no Brasil data de 1556, sendo estes animais trazidos pelos portugueses à época da conquista. Originários da Península Ibérica, eram raças lanadas de pequeno porte e extremamente rústicas. Por cinco séculos, multiplicaram-se com mínima interferência do homem, ficando conhecidos como raça crioula.
  • 1703Tratado de Panos e Vinhos

    O Tratado de Methuen, também conhecido como Tratado de Panos e Vinhos, foi assinado em 27 de dezembro de 1703. Regulamentou as relações comerciais entre Portugal e Inglaterra, com respeito ao comércio de panos, por parte dos ingleses, e de vinhos, por parte dos portugueses. De acordo com seus termos, tecidos de origem bretã estariam novamente habilitados a entrar no mercado português – o que havia sido proibido na segunda metade do século 17. E vinhos lusitanos passariam a ter vantagens fiscais no mercado inglês, em disputa direta com seus maiores concorrentes no ramo, os franceses.
  • 1733Invenção da lançadeira voadora

    A invenção da lançadeira voadora (flying shuttle) foi um dos principais desenvolvimentos na industrialização da tecelagem no início da Revolução Industrial. Patenteada por John Kay em 1733, permitia que um único tecelão desenvolvesse tecidos muito mais largos, acelerando o processo manual e reduzindo pela metade a força de trabalho. Até então, a indústria têxtil exigia quatro fiandeiras para atender um tecelão. A inovação de Kay, amplamente utilizada na década de 1750, aumentou muito essa disparidade, exigindo o desenvolvimento de soluções de fiação mais rápidas.
  • 1764Invenção da Máquina de fiar Jenny

    Para atender a demanda crescente por fios, James Hargreaves inventou em 1764 a Máquina de fiar Jenny (Spinning Jenny), uma máquina de fiação multifusos, que exerceu importante papel durante a Revolução Industrial. Inicialmente, o dispositivo capacitava um trabalhador a usar oito fusos para fiar, mas à medida que a tecnologia avançava, era possível trabalhar com até 120 fusos.
  • 1769Invenção da Máquina de fiar movida a água

    A Water Frame é uma máquina de fiar movida por uma roda d'água, patenteada por Richard Arkwright, em 1769. Funcionando com energia hidráulica, reduziu a necessidade de trabalho humano e possibilitou o desenvolvimento de um fio mais forte e mais resistente que o produzido pela Spinning Jenny. Porém, a Water Frame podia fiar apenas um fio de cada vez, até que Samuel Compton desenvolveu, em 1779, a Spinning Mule com 1.320 fusos, assim chamada por ser um híbrido da Water Frame e da Spinning Jenny, da mesma forma que a mula é resultado do cruzamento de uma égua com um burro.
  • 1785Dona Maria I, Maria Louca manda queimar teares e fiações

    No dia 5 de janeiro de 1785, durante o reinado de Dona Maria I, foi promulgado um alvará que proibia a atividade industrial no Brasil. Além da proibição, a Rainha mandou destruir e queimar as fiações e teares que então começavam a se disseminar no país. Nessa época, na Inglaterra e em suas colônias, as fiações e teares estavam fomentando uma revolução industrial e tecnológica que daria início à sociedade capitalista, desenvolveria a classe operária e criaria o Estado democrático moderno. A queima dos teares demonstraria o apoio de Portugal à Inglaterra e colocaria o Brasil à margem da história. Preservaria a escravidão por mais um século, nos mantendo colonizados e economicamente atrasados.
  • 1801Tear Jacquard

    Em 1801, Joseph Marie Jacquard construiu um tear programado por uma série de cartões perfurados, cada um deles controlando uma linha e um movimento da lançadeira, cujos padrões têxteis, que antes exigiam muita atenção e eram propensos a erros, poderiam agora ser feitos rapidamente e sem falhas. Os mesmos cartões perfurados de Jacquard, que mudaram a rotina da indústria têxtil, teriam, poucos anos depois, uma decisiva influência no ramo da computação.
  • 1830 a 1880 Tecelagens no Brasil

    Com a revogação do alvará de Dona Maria I por Dom João VI, em 1808, quando a transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro exigiu novas fontes de renda para financiar o exílio, começa-se a estimular a agricultura do algodão. Diversas fábricas são inauguradas no nordeste a partir de 1830, sendo a Bahia o primeiro e mais importante centro da indústria têxtil, por dispor de uma grande população escravizada, matéria-prima em abundância e fontes hidráulicas de energia. A construção da estrada de ferro ligando Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, contribuiu decisivamente com o deslocamento das fábricas da Bahia para a região centro-sul. Em 1876, foi inaugurada, com a presença de Dom Pedro II, a Companhia Têxtil Brasil Industrial, em Paracambi (RJ). Essa Companhia foi fundada com o objetivo de fabricar tecidos finos, de boa qualidade.
  • 1915 a 1947 Mahatma Gandhi e a roca de fiar

    A fim de preparar os indianos para sua independência dos britânicos, inculcando neles disciplina e autossuficiência, Gandhi lançou um apelo a mulheres e homens, incluindo os mais altos funcionários do Estado, no sentido de produzirem pelo menos 25 metros de fio por ano, suficientes para as necessidades de cada pessoa. “Cada volta da roca fia paz, boa vontade e amor”, pregou. Por lei, a bandeira indiana deve ser feita de khadi, um tipo especial de tecido fiado à mão, popularizado por Gandhi.
  • 1996Clonagem da ovelha Dolly

    A ovelha Dolly (5 de julho de 1996 – 14 de fevereiro de 2003) foi o primeiro mamífero a ser clonado com sucesso a partir de uma célula adulta. Os cientistas tornaram pública a experiência somente em 22 de fevereiro de 1997, quando Dolly já estava com sete meses de vida. Os créditos pela clonagem foram dados ao biólogo Ian Wilmut, mas este admitiu, em 2006, que Keith Campbell seria na verdade o maior responsável pela clonagem.