Lã é biodegradável?
31/03/2021Mãostiqueiras, um negócio social
29/11/2021A ideia da criação do Projeto Mãostiqueiras surgiu no dia 23 de Maio de 2015, durante o 1o Festival da Lã (Woolfest) de Campos do Jordão. Juliana Müller Bastos, atuava como artista têxtil, desenvolvendo peças em lã natural por meio da técnica da feltragem e foi convidada a participar do evento expondo suas peças e da programação do evento com uma apresentação sobre o ciclo da lã natural.
Após a apresentação sobre o ciclo da lã, um dos espectadores se apresentou como sendo um criador de ovelhas da região, informando que desde a década de 90, quando os sintéticos chineses dominaram o mercado têxtil, ele descartava a lã da tosquia de seus animais e ofereceu o material. Explicou ainda, que aqui em nossa região todos desprezavam a lã e que matéria prima não faltaria.
José B. Oliveira, criador de ovelhas e sua propriedade localizada próxima ao Bairro dos Mellos.
Após estudar as possibilidades de uso da lã e as opções de beneficiamento desta fibra, Juliana avaliou que seria interessante desenvolver na cidade um projeto que valorizasse as técnicas manuais de beneficiamento, resgatando as técnicas ancestrais como uma forma de preservação cultural, valorizando e salvaguardando as artes tradicionais.
Buscou capacitação teórica e prática nas técnicas manuais de beneficiamento da lã junto as comunidades que ainda mantém estas práticas com o intuito de entender a complexidade do uso de equipamentos e as dificuldades do processamento manual da lã natural.
Entendendo as necessidades de equipamentos, de capacitação, do número de pessoas envolvidas e do tamanho do investimento necessário para realizar o projeto, Juliana verificou a possibilidade de inscrição em uma lei de incentivo, o Programa de Ação Cultural – ProAc-ICMS, como uma forma de facilitar o acesso a recursos financeiros que pudessem agilizar o início das atividades.
No início de 2016, ainda sem o projeto aprovado, entrou em contato com Lika Araújo, jordanense experiente nas artes manuais e na capacitação de mulheres da comunidade, apresentando a ela a ideia do projeto e a convidando para ser a coordenadora da produção do projeto, com a responsabilidade de capacitar um grupo de mulheres nas técnicas de tricot, crochet e tear com o uso de lã natural para o desenvolvimento de peças que seriam colocadas à venda e a renda seria revertida para as mulheres e para a implementação das atividades previstas no projeto.
Em fevereiro de 2016 Lika Araújo começa a capacitação de um grupo de 6 mulheres para o trabalho com a lã. Com encontros semanais em sua própria casa, essas mulheres eram capacitadas e levavam materiais (lãs, agulhas e teares) para desenvolver os conhecimentos em suas casas. As peças criadas eram trazidas na próxima semana, em novos encontros de capacitação e um novo ciclo de aprendizagem se iniciava.
Em 15 de março de 2016 a Comissão De Análise De Projetos – CAP da Secretaria De Estado Da Cultura aprovou o projeto inscrito no ProAc, o que deu início ao processo de captação de recursos, apresentando o projeto para empresas que tivessem interesse em utilizar parte dos recursos do ICMS para apoio à projetos incentivados.
As oficinas semanais continuaram acontecendo na casa da Lika Araújo e as peças produzidas entre fevereiro e maio foram expostas na 2ª edição do Festival da Lã, em Junho de 2016. Foi a estreia das Mãostiqueiras para o público.
Após o Festival, continuamos participando de feiras e bazares, além de iniciar a divulgação do projeto nas mídias sociais, como forma de incentivar a venda das peças produzidas.
Em junho de 2016 conseguimos uma reunião com a área de marketing da Passaro Marron, empresa que já apoiava projetos via leis de incentivos, e apresentamos o Projeto Mãostiqueiras aprovado no ProAc. Em Agosto de 2016 recebemos da Pássaro Marron o primeiro aporte financeiro via lei de incentivo e os demais aportes, totalizando 100% do valor pretendido, foram feitos a partir de março de 2017, mesmo mês que inauguramos a Casa Mãostiqueiras, ainda no bairro da Vila Matilde, iniciando nosso trabalho de atendimento e demonstração de nosso trabalho ao público.
A partir de Outubro de 2019 a Casa Mãostiqueiras se mudou para o Parque da Lagoinha, local que já abrigou uma criação de ovelhas.